segunda-feira, janeiro 27, 2014

DESERTOR


Às vezes, em êxtase ou
sem alegria que me baste
olho o espelho e me imagino
indo embora.
Sofrendo a vida num outro lugar.
Faço as malas e corro, tonto,
ao povo mais distante,
ao meu vizinho – em busca de almas
desertas como a minha.
Aprendo malabares
ou me torno imperador,
apresento Bandeira à minha filha
e leio todos os livros do mundo.
Jogo bola todos os dias
e não sinto falta de companhia.
Fugitivo, arredio,
seria, pra sempre assim,
ninguém sabendo pra onde fui,
ninguém sabendo de onde vim.



-João Gabriel Furbino